Confessionário
Eu não sei,
É que estava tudo tão bem antes,
Tão bem antes de você,
O céu era apenas uma cor vazia juntando estrelas por vaidade,
E a Lua apenas disputava o brilho com elas,
O mar apenas gostava que o mundo ouvisse as canções de suas ondas,
E o vento vinha jogar palavras em meus rosto,
Mas até que chegou o dia,
Que eu vi seu rosto se formando delicadamente no céu,
Fazendo com que a Lua e suas estrelas se sentissem honradas ao ser a sua imagem,
O dia em que ao ouvir os cantos desafinados das ondas do mar,
Sua voz bailou em cada corredor da minha mente,
Já ali eu percebi,
Que de forma indecente,
E só por você ser você,
Me fizeste sentir.
Sentir medo pois
Ao estar com você,
Temia,
Temia que em qualquer momento importuno,
A Lua e suas estrelas afiadas caíssem sobre minha cabeça em forma de vingança,
Por eu fazer questão de encara-las em todas as noites,
Que a qualquer momento,
O mar com sua sinfonia de ondas viesse até mim só para me privar dos arranjos de sua voz,
Temia também,
Que o vento com as suas palavras brutas me dissesse que,
O que eu sentia era amor.
Se ele dissesse não teria volta,
Pois havia percebido,
Que sem você eu já não temia morrer pelo mar,
Nem pela Lua, e nem pelo vento,
Temia morrer de saudade...
Pois eu sabia,
Que estava tudo tão mal antes,
Tão mal antes você.
Fui ao confessionário,
E o padre me disse que eu haveria de pagar pelos sentimentos,
Que eu havia traído o universo,
Ao me mudar do coração da terra,
E ir morar infinitamente em seu coração
Disse que após a morte,
A sentença seria dada,
E seria paga com o fogo eterno,
Me assustei,
Mas não com a justiça divina,
Pois com você nem ela eu temia,
Me assustei pois,
Por você,
Adoraria pagar o pecado que é sentir amor.