Meus olhos procuram os teus
Eu não sei.
E não saber consiste
Em olhar-te todos os dias nos olhos
E perder-me.
Fosse devassa, diria:
És devassa.
Fosse santa:
És uma santa.
Mas há tanto escondido
Nestes verdes olhos lassos
(Terrivelmente lassos)
Que seria inevitável a perdição.
Pois vejo-lhe e és quente
Quente como o ponto fulcral
De entre tuas pernas.
Revisito-te, e tens puerícia
Como imagem de uma pequena casta.
E não há dia em que não mergulhe
Um pouco mais fundo nestas retinas
Procurando sequer fagulha de qualquer
Certeza plausível.
Meus olhos procuram os teus.
E eu temo a perdição que é estar
Perdidamente apaixonado
Em você.