A Solidão Compartilhada de Amar
Já não falo de amor aos céus do amanhecer,
Nem firo as águas com os remos sujos,
Aprendi a viver ao deixar de sofrer.
Os pulos de meus dias cantam em mim
E a poesia é o espelho do espírito carnal:
Completei-me com minhas ausências, afinal.
Agora, até os seres angelicais compreendem
Minha necessidade de não estar sozinho.
Sou andante e imóvel como um velho caminho.
Vertigens de origens que erigem a Linguagem,
A Linguagem da coragem dos que se amam em voragens,
Linguagem que cria novas mensagens além das barragens.
Mas a conquista do amor é uma derrota disfarçada?
O amor é esta silenciosa chama noturna e lapidada
Que deve ser vista e compartilhada, de graça?...
Estamos sentados aqui estando em nenhum lugar,
Pois te beijar é sentir o universo na alma a badalar,
E te ter é ser teu escravo, sendo livre ao te amar.
Já não falo de grandes amores aos céus do amanhecer,
Nem vou ferir as solitárias águas de teu infinito chão:
Escolhi viver quando morri no campo de teu coração.
O Amor vive em nossa compartilhada Solidão.