Dois corpos
A carência embala teu corpo nu que por tantas vezes me chama para compor o seu, te olhando em cima de mim, degusto pedaço por pedaço, cada balançar, cada toque, sinto o silêncio do quarto se aprofundando em seus sentimentos mais confusos, e a minha carência chama pela sua alma que vaga ao anoitecer, te carrego na melancolia dos meus dias, te guardo no suor dos nossos corpos se lambuzando sorrateiramente, pedindo por mais. Dormes o sono dos amantes, te alimenta de borboletas pelo estômago, sobrevive de detalhes incostantes, e a amo pela fúria que existe nas suas inseguranças, pela sua pele que clareia a vida de tantas outras com quem divide o seu lar. És a única a quem meu corpo insiste em sentir falta, a quem ele me sussurra para procurar-te ao amanhecer. Agora não pertenço a almas, me entrelaço em corpos.