UM FIO DE LUAR
Sobrevivi à idade da razão,
livrei-me das grandes tempestades
atravessei estradas pedregosas
hoje vivo a idade do coração
Doravante tudo que escrevo
tem origem no meu coração,
resvala pela alma, explode,
é supervisionado pela razão
Não, não sou sensato, sou poeta
do poeta jamais espere coerência,
seria como pensar que o beija-flor
se apaixonaria por espinhos
Então, entre o senso e o coração
sou meio luar e um tanto céu
de minhas mãos, apenas magia,
do meu olhar mananciais de flores
Não, eu não escolho as palavras,
são elas, cândidas, que me escolhem
e fazem o que bem cogitam
com minha parca imaginação
Se um inesperado fio de luar
perpassa as folhas dos coqueiros
a poesia, iluminada e fascinante,
se manifesta em todo seu esplendor