PESSOA
Quando falo de pessoa
não falo do poeta português,
mas dá que por mim passa em sua canoa
num rema-rema para viver e sobreviver...
Seus olhos de estrelas ver
estão um tanto quanto embaçados;
seu coração, de amar e crer,
seu motor, por avarias, avariado...
A pessoa de quem falo
traz em si o canto da cotovia,
como o estonteante bardo,
inglês, senhor da dramaturgia...
Esparjo o pólen da boa escrita
quando por mim a pessoa passa;
grito a cada astro e ele se agita:
move a energia em luz e graça...
A ti, pessoa, escrevo este mimo...
Dou-me como se fosse irmão meu,
cunhado, parente distante, primo:
cada verso capturado é todo seu...