PERPÉTUA FLOR
O amor deveria só ter começo
e nunca um insofismável fim;
uma história que, desde o berço,
como um ventre, prenhe de sim...
É claro, há o componente trágico
embutido no desamor possessivo;
o que deveria ser um toque mágico
se torna cacos, amor partido...
É bonito quando a solidão se rende,
dá lugar às nuvens de algodão;
com fios de luz um anjo prende
um coração à outro coração...
Alguns são privilegiados,
vivem vários amores pelo caminho;
outros, como que abençoados,
envelhecem como um bom vinho...
Quantos por aqui passam, tímidos,
de longe vêem a amada, ao longe, passar;
quantas amam no homem o menino,
juram, aventureiras, com ele navegar...
Sempre haverá um novo amor
nascendo na aurora dos novos tempos;
se reparares, é como a flor
perpétua que sobrevive aos ventos...