SOBRE O AMOR

Haverão mares

que teremos que atravessar,

mares esses imperativos e furiosos,

submergiremos sem submarino, sem sonar,

haverão momentos nebulosos,

quase que com falta de ar...

Haverão sonhares

que justificarão a busca pela superfície,

onde o amor se veste e se reproduz,

poesias sem roupa, palavras almiscaradas,

o pouso do desejo virá do Oeste,

nem mesmo o céu, que a tudo acoberta,

verá do que é feita cada alma...

Haverão anjos sentados nas pedras angulares,

pólvora seca e esturjão para o almoço...

O límpido movimento da serpente ríspida

passará diante dos teus olhos,

se porventura ainda ama alguém,

guarde suas armas e use seu coração

como flecha quando o mal morrer

e a luz do novo amanhã

te chamar para uma conversa,

sobre, sempre, o amor...