Sorria

Sentir areia onde o mar nas pedras bate

Ser chuva quando o sol as janelas abre

Ver silêncio onde recua a “furiosa”

Ouvir cinza as quatro horas no Maraca

Impor-se forte, viril e chorar saudade

Amar a manhã, resistir à noite e empurrar a tarde

Ter um Nilo, um Sena em seu quintal e contentar-se

Em esperar a passagem dos galhos para banhar-se,

Ser dono de toda sorte e deixá-la esmorecer

Champs, Liberdade, La Rambla... O que fazer?

Se só a única que penso afinco é correr e correr

Completo e inteiramente para seus braços de dor,

Que deixarei mesmo após cobri-los de amor,

Ser relógio, reabrir a contagem: 86.400 segundos

Até rever o sorriso mais belo de todos os mundos

Galáxias, planos, vidas... Nada se compara

Ao regozijo que é morar no teu rosto e essa tara

Desse corpo, delírio, esse sonho, medo e pavor

De não viver para sempre esse enérgico amor.

Bernardo Reis
Enviado por Bernardo Reis em 06/09/2021
Reeditado em 26/07/2023
Código do texto: T7336551
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