Sorria
Sentir areia onde o mar nas pedras bate
Ser chuva quando o sol as janelas abre
Ver silêncio onde recua a “furiosa”
Ouvir cinza as quatro horas no Maraca
Impor-se forte, viril e chorar saudade
Amar a manhã, resistir à noite e empurrar a tarde
Ter um Nilo, um Sena em seu quintal e contentar-se
Em esperar a passagem dos galhos para banhar-se,
Ser dono de toda sorte e deixá-la esmorecer
Champs, Liberdade, La Rambla... O que fazer?
Se só a única que penso afinco é correr e correr
Completo e inteiramente para seus braços de dor,
Que deixarei mesmo após cobri-los de amor,
Ser relógio, reabrir a contagem: 86.400 segundos
Até rever o sorriso mais belo de todos os mundos
Galáxias, planos, vidas... Nada se compara
Ao regozijo que é morar no teu rosto e essa tara
Desse corpo, delírio, esse sonho, medo e pavor
De não viver para sempre esse enérgico amor.