TÔ APEGADO

Encontrei teu bilhete debaixo da porta,

em letras miúdas, com muita clareza,

o quanto tremi agora pouco importa,

o que foi mais bonito foi a sua certeza

ao dizer, com timidez, o quanto gosta

de mim, palavras lindas, cheias de beleza...

Me disse que sou um amor não correspondido,

me via cantando Sinatra e Stevie nos botecos,

achava que eu estava como que protegido,

atrás do violão, não sabia nenhum chaveco,

"o terei perto de mim, nem que for como amigo,"

fiquei tocado, não nego, fiquei comovido...

Acho que você esqueceu, não deixou telefone,

perguntei por aí por uma morena, pro garçom,

pro taxista, ninguém viu, nem sabem o nome,

quando vou pro palco às vezes perco o tom,

estou como cãozinho abandonado, com fome,

quisera ser vidente, te achar, ter um dom...

Hoje vou cantar na praça, no coreto,

é em homenagem à Santa Luzia;

tô apegado é no meu amuleto,

tenho que ler pra ti uma poesia...