Amor
Tem um gosto nostálgico
Parede sem pintura
Quadro sem moldura
Um amor puro
Até me seguro
Desse diante não ter
Não falo do amor paixão
De rolar pelo chão
Não falo de amor companhia
Que na falta angustia
Não falo do amor materno
Tão parente, tão eterno
Falo do amor impronunciável
Atrevo-me a falar e me calo
Mais amplo é meu silêncio
Refrescado pelo café
Nas tardes despedidas de minha vida
Santa lida que um dia
Não quer mais terminar
Mas esse amor tão sem definição
Mora em meu coração
Divide o amplo espaço
Do tédio que sou e faço
Somos vizinhos
Sem cumprimentos
Apenas um... “tudo bem?”
E passa incontinente
Parece que nem sente
A menção que faço
Como se fosse lhe dar um abraço
E o mundo retorcido guarda semelhança
Com o que é lembrança
Desse amor desconhecido