1° de setembro
Não vi seus primeiros passos,
Não vi seus "pliés", nem seus "frappés".
Não te vi vestida, nem te vi transpirar.
Não te acompanhei nervosa, não comemorei seus louros.
Não cheguei a tempo para o seu espetáculo,
Não ti vi chorar, nem sorrir.
Não te vi dançar.
Não te vi bailar, rodar, saltar...não te vi "bailarinar"
Maldito tempo confuso;
Obtuso tempo infame;
Desprezível tempo ululante
Já te vi em fotos e em certos vídeos,
Rodopiando e sorrindo,
Como se fosse fácil,
Como se fosse simples.
Já te vi encher os olhos com as lembranças,
Já te vi arrepiar com certos passos que viu,
Já te vi chorar por olhar sua criança vestida de "tutu".
Já te vi de tanto jeito, menos dançando.
Frustração minha, queria muito ter visto,
Mas o tempo sabe o que faz.
Hoje tenho minha bailarina particular.
Durmo e acordo todos os dias com ela.
Não há nenhuma dança antiga que me tire isso.
Eu já vi minha bailarina dançar axé.
Isso, ninguém pode ter quando quer.
MINHA bailarina, não foi só bailarina de palco
MINHA bailarina, é bailarina de vida
Faço parte do seu show,
Nosso ato é o último, o desfecho,
O mais bonito da peça.
Estou nele,
E isso é fantástico, único.
Tenho uma vida inteira com MINHA bailarina.
Pra esse show não há platéia, convite ou bilheteira
No espetáculo da nossa vida, ela vai dançar só pra mim,
Esse show vocês vão perder.