Zona de Conforto.
A vida bate, eu apanho.
A vida grita, eu escuto.
A vida chacoalha, eu balanço.
A vida derruba, eu debruço.
No caminho da vida, tinham cacos de vidro. Eu atravessava descalço.
No caminho da vida, tinha perigo. Eu estava de olhos vendados.
No caminho da vida chovia. Eu alagava minha alma com a água.
No caminho da vida encontrei alguém.
Com luz própria ela iluminava o caminho.
Quando a vida tentava bater, eu me escondia.
Quando a vida gritava, de longe eu ouvia só ruído
Quando a vida tentava derrubar eu desviava o caminho.
Ao lado dela, com caminho iluminado, eu desviei de todos os cacos de vidro.
Eu evitava os perigos, e me cobria quando a vida chovia.
Era fácil estar ao lado de alguém que ilumina o caminho.
No caminho da vida encontrei alguém.
Que como furacão, devastou todo o caminho.
Tapou meus olhos com as mãos,
E sussurrava em meu ouvido meu destino:
"Em dois passos tem fogo."
"Em três passos tem buraco."
"A esquerda vem um soco."
"Em meio passo o mundo reparte."
"Em um respirar você cai."
"Se abrir os olhos você morre."
Quando recuperei meu fôlego.
Quando voltei a sentir o meu corpo.
Quando entendi onde eu estava eu corri.
Corri com toda minha força.
Corri como quem sempre corria.
Corri como se a vida dependesse disso.
Ali, dependia.
Parei, quando o caminho da vida bifurcava.
De um lado o clarão me convidava.
"Eu tenho luz, você pode ver o caminho"
Sempre foi convidativo andar ao lado de quem ilumina o caminho.
D'outro lado o escuro sussurrava:
"Você não precisa ver, você precisa entender o caminho."
Sempre foi assustador andar sozinha no escuro.
Perdi as forças.
Cai no chão.
Chorei tudo o que não chorei pelo caminho.
Ainda sem forças.
Me arrastei pelo chão,
E decidi pelo meu destino.
Eu não estava mais sozinha.