O mendigo poeta que só queria amar
 
Vejo-a passando pelas ruas.
Imagino-a acenando para mim e notando a minha presença.
Mas logo percebo em minhas esperanças nuas,
que a invisibilidade é a minha sentença.
 
Escrevo nestas páginas molhadas pela chuva.
E também por lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
Eu a amo como amo um prato de comida crua.
E da mesma forma sinto a fome impregnada em meu corpo.
 
Sonho em dar um presente para ela algum dia.
Nem que seja um abraço sincero em uma manhã de terça-feira.
Para assim ver em seus olhos estampada a alegria.
A minha própria alegria que latejaria em minhas veias.
 
Mas estou triste por este ser um sonho distante.
Sigo nas ruas, evitando apagar todas as lembranças boas.
Um dia quem sabe possa tê-la como a minha amante.
E eu possa me considerar uma útil pessoa.
 
O som do amor que sinto por ela ecoa pelos prédios.
Recolho-me para não acordar corações partidos.
Antes de dormir tomo um pouco do meu remédio:
A esperança que me resta neste mundo dolorido.
 
Juliano Nunes
Enviado por Juliano Nunes em 30/08/2021
Código do texto: T7331722
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