CARTA DE ALFORRIA ...
Minha senhora, a áurea lei
da liberdade, queres me dar, bem o sei
pois crês que da escravidão, sinto agonia...
No entanto, minha alma te implora:
por favor, minha senhora,
Não quero carta de alforria...!
Desde que me compraste, eu agradeço
pagaste por mim bom preço
pois foste tomada de grande emoção;
e sabes bem o motivo:
foste mais cativada do que eu cativo,
e me prendeste em teu coração...!
Acaso não sabias que desde aquele dia,
ser teu escravo, era tudo o que eu queria
quando com teus gestos autoritários, impetuosos
disseste 《agora sou dona de ti》...?
Desde então sou propriedade da mulher
que tem os lábios mais formosos ...
Mais formosos que já vi...!
Minha senhora, a áurea lei
da liberdade, queres me dar, bem o sei
pois crês que da escravidão, sinto agonia...
No entanto, eu quero, imploro por esta prisão
que é o teu coração...
Não, não quero carta de alforria...!
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(Geraldo Coelho Zacarias)