DEVOÇÃO
Decidido a dormir enquanto você finge elegância,
revolvo em sonhos minhas afetações estomacais.
As incivilidades capturaram nosso tempo de dança,
quando da impaciência brota nossa indiferença.
Dou-lhe flores sintéticas de jardins digitais,
para que no fim tudo termine em borracha descartada
aos pés da cama onde se faz a dança horizontal,
onde nem sono toma pouso, dada a vulgaridade trivial.
A sutileza só persiste nas alergias que ocasionalmente
percebem sua presença quando dobra a esquina.
Já não te amo mais, como se amava antigamente
mas resido letargicamente entre o sono e a preguiça.