DEVOÇÃO

Decidido a dormir enquanto você finge elegância,

revolvo em sonhos minhas afetações estomacais.

As incivilidades capturaram nosso tempo de dança,

quando da impaciência brota nossa indiferença.

Dou-lhe flores sintéticas de jardins digitais,

para que no fim tudo termine em borracha descartada

aos pés da cama onde se faz a dança horizontal,

onde nem sono toma pouso, dada a vulgaridade trivial.

A sutileza só persiste nas alergias que ocasionalmente

percebem sua presença quando dobra a esquina.

Já não te amo mais, como se amava antigamente

mas resido letargicamente entre o sono e a preguiça.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 22/08/2021
Reeditado em 22/08/2021
Código do texto: T7326387
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