Canto tudo
Eu canto tudo o que me pede a alma
encarecidamente encantada,
candidamente triste,
absolutamente amada.
Canto os meus poemas
e o que me encanta e canta
e até mesmo as coisas que me desencantam.
Canto também o que em mim chora
e arrebenta e quebra argolas
e me arranca amores santos
e os manda embora.
Depois de tudo, vou-me vencido
procurar alheio abrigo
no canto dos desaparecidos
dos que amam e moram,
dos que ficam e não se apavoram
e dos que apenas passam,
com a nudez inglória do mundo
e a surdez de cada santa estrada!