FLOR DO ESCÁRNIO
A feiura das pessoas não merece o esforço
Do artesanato ultrapassado da poesia.
Gente é fera com deboche entre os dentes
E orgulho da estúpida flor inculta.
Para quem amontoa palavras gastas,
Haverá o castigo da louvação burocrática.
Sendo o esquecimento o fardo dos sábios,
O riso será marca dos preciosos ridículos.
No fim será tudo amontoado na esquina:
Poemas galantes e adulação florida.
Nem falas teremos, apenas grunhidos,
Pois o que hoje se diz civilizado,
É manobra ladina de vislumbre notável,
Onde o conhecedor contempla pasmado
A aurora da estupidez num país de iletrados.