O TEU QUARTO

Não quero apenas adentrar

teu caminho, tua casa, ...o teu quarto

Não quero apenas te ver no meu olhar

distante perdido em pensamentos,

no retrato imerso em memórias e em papéis,

e nem no deleite de um sonho

desperto na madrugada.

Não quero apenas adentar e olhar

quero cantar enquanto puder te encantar,

te amar deixando-me inflamar,

servir, repartir, repetir e... não mais ter

que um dia partir...

Não quero apenas te ver por ver,

e viver por viver,

quero reviver, ver, rever, ser, pertencer,

mas sobretudo quero estar...

...inebriado desde as brumas da memória

ao vale dos nossos dias de maior

exultação e febril mocidade...

Quero estar qual rio se finda e

desvanece nas águas revoltas do mar...

e resgatar os risos e as lágrimas

que se esvaíram por entre os dedos

ao longo dos anos da nossa mútua ausência...

ceifar nas dores toda a tristeza,

e colher no riso todas as alegrias

num caminho largo como teu riso,

e assim adentrar teu caminho...

tua casa... o teu quarto...

ao aroma dos incensos,

embevecido de tua presença

no sabor das estações

seja o teu caminho largo ou sem canteiros

tua casa espaçosa ou sem tapetes

...o teu quarto... glamuroso ou sem cortinas,

ou até mesmo apertado... como num abraço...

que o amor não ocupa espaço...

Almarik
Enviado por Almarik em 14/08/2021
Reeditado em 14/08/2021
Código do texto: T7320848
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