A mulata
A mulata — que balança as ancas
que balança a rua,
que balança a cidade,
que balança o país,
que balança o mundo —
bate cartão na fábrica de tecelagem
às cinco horas da manhã.
A mulata — que se alimenta de sol e samba
que mora numa caixa de sapato,
que nunca foi a um salão de beleza,
que nunca entrou numa banheira,
que não toma leite —
fabrica misteriosamente
a carne mais luxuosa do mundo.