A Suficiência do Amor
Ela mantinha as mãos encostadas ao queixo
Enquanto ele a olha, amando-a.
A beleza daquele instante impunha o silêncio.
E, como se paradoxalmente, todo o amor do mundo
Estivesse lá, naquele lugar feito de rostos comuns
Que se cruzam sem se tocar.
Enquanto eles estavam lá,
Mergulhados em seus inegociáveis quotidianos,
Naquele espaço onde o amor parecia criar paredes infindáveis,
Uma música começou... "Ser feliz, no teu colo dormir
E depois acordar...”
Começaram a cantá-la,
Nem lembrando bem da letra, pois eles se amavam.
Amavam-se disseminando a percepção nítida de um milagre,
Algo que saía de suas almas
E que não exigia uma narrativa prolixa,
Tampouco uma descrição articulada de detalhes concretos.
Amavam-se e era suficiente,
Eles se bastavam!