Em busca do (m(eu) amor

Busco o amor como fazem os sedentos

Que à fonte lança-se no oásis do deserto

Com avidez, trôpegos passos e gestos lentos

Dele me sirvo, me revigoro e fico perto.

Busco o amor como fazem os miseráveis

De alma, em busca de mirra, incenso e ouro

Com olhos cheios de ambição inconfessáveis

Como se este fosse o meu maior tesouro...

Busco o amor como fazem os esfomeados

Que sem convites comparecem aos banquetes

Lívidos de fome e se sentindo ameaçados

Faço questão até das sobras que vem destes.

Busco o amor como fazem os desabrigados

Por um espaço para estender seus papelões

Sob as marquises ou em prédios abandonados

Quero um cantinho em um peito sem salões

Busco o amor como faz uma alma solitária...

Procurando noutra seu par mais que perfeito.

Reconhecendo o que me torna identitária...

Busco o meu eu que doutro eu se fez afeito.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 06/08/2021
Reeditado em 10/10/2021
Código do texto: T7315340
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