Fotografias

Ah, mulher, que o sabor do saber encanta,

Que da tez, tinta em ouro, me prende o olhar

Ah, olhar tão profundo! Ah, força tanta,

Que ao meu, essa noite, vem repousar.

Teus adornos nativos, quão te agiganta,

Em tua face, teus traços, teu torso ao ar.

Se indígena, índia, hindu (ou tantra?),

Tua mística aura é terra, é mar!

Ah, leveza que encanta-se em poesias,

das sofridas, vividas, reais, sem par,

Ah, mulher, moça, Deusa! Quem amarias?

Que farrapo mortal pode ao céu ousar?

Ah, porque, curiosa, instigarias

Meus fantasmas e trevas, travas do amar?

E, em receio, se esvai, nas fotografias,

Essas horas que, ermo, arrisquei sonhar.