Oração ao último amor

Amor nosso que está em mim,

Ponha o infinito sobre o teu nome,

Deslize suas unhas sobre minha pele,

E faça dos amores em ruínas,

Reinos para ditar as suas preces,

E que sob mim,

Minha alma,

Meus cantos,

E encantos,

Sobre tudo,

Sob minhas poesias,

Sejam feitas as suas vontades.

Que ao morar no âmago do desejo,

Eu consiga pintar com aquarela,

Teu corpo nu nas águas da terra e nas nuvens do céu,

Que me falte,

O pão de cada dia,

O sono e os sonhos de cada noite,

A vontade de viver ao ver o sol se pôr no horizonte pelas tardes,

Mas nunca você.

Meu amor,

Perdoe-me,

Por quase sempre escutar os gritos presos em minha garganta,

E acabar por esquecer tua doce voz,

Perdoe-me por contemplar o imenso vazio de meu peito,

E acabar por esquecer a beleza infinita da luz clarividente que reluz em seu olhos,

Perdoe-me por minhas ofensas à perfeição,

Que até então

Acreditava ser inexistente.

Peço,

Que sejamos como as luzes que nunca se apagam,

Que nosso silêncio seja a melhor das músicas,

Que consigamos beber os sons de palavras nunca ditas,

Ver cores que nunca foram vistas,

Que o acaso seja nossa maior verdade,

E o destino nossa maior mentira,

Que as alusões aos sabores se destruam,

E que cada beijo seja salgado,

Que cada dor seja doce,

Que o mundo seja amargo,

Que nosso amor seja azedo,

Marcante,

Mas que sempre,

Seja nosso,

Amém.

PCMatos
Enviado por PCMatos em 29/07/2021
Código do texto: T7309938
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