Oração ao último amor
Amor nosso que está em mim,
Ponha o infinito sobre o teu nome,
Deslize suas unhas sobre minha pele,
E faça dos amores em ruínas,
Reinos para ditar as suas preces,
E que sob mim,
Minha alma,
Meus cantos,
E encantos,
Sobre tudo,
Sob minhas poesias,
Sejam feitas as suas vontades.
Que ao morar no âmago do desejo,
Eu consiga pintar com aquarela,
Teu corpo nu nas águas da terra e nas nuvens do céu,
Que me falte,
O pão de cada dia,
O sono e os sonhos de cada noite,
A vontade de viver ao ver o sol se pôr no horizonte pelas tardes,
Mas nunca você.
Meu amor,
Perdoe-me,
Por quase sempre escutar os gritos presos em minha garganta,
E acabar por esquecer tua doce voz,
Perdoe-me por contemplar o imenso vazio de meu peito,
E acabar por esquecer a beleza infinita da luz clarividente que reluz em seu olhos,
Perdoe-me por minhas ofensas à perfeição,
Que até então
Acreditava ser inexistente.
Peço,
Que sejamos como as luzes que nunca se apagam,
Que nosso silêncio seja a melhor das músicas,
Que consigamos beber os sons de palavras nunca ditas,
Ver cores que nunca foram vistas,
Que o acaso seja nossa maior verdade,
E o destino nossa maior mentira,
Que as alusões aos sabores se destruam,
E que cada beijo seja salgado,
Que cada dor seja doce,
Que o mundo seja amargo,
Que nosso amor seja azedo,
Marcante,
Mas que sempre,
Seja nosso,
Amém.