A FERRUGEM DO TEMPO

Á escritora e poetisa, Deise Zandoná Flores

Eu sou o lobo,

que uiva dentro da noite.

Tudo está muito escuro e frio.

Tão frio, que posso ouvir o estalar

de minhas articulações.

Se tivesse um pouquinho de óleo,

eu poderia unta-las.

Acredito que a ferrugem do tempo,

está me envelhecendo aos poucos.

Mas, antes que o trem da vida me leve,

peço lhe um ultimo favor.

Pegue o fósforo e esquenta uma água agora.

Faça-me um café bem quente,

que é para alimentar a este lobo solitário,

que uiva faminto noite a fora.

O trem da vida não para,

nem tampouco retarda o seu destino.

Ele segue em frente, em frente, em frente...

O maquinista assim como eu, ouve na corrida,

os estalidos da maquinaria sem manutenção,

clamando por um pouquinho de óleo.

Mas, o que eu queria mesmo,

era que você me acompanhasse,

e juntos pelos mesmos trilhos seguíssemos,

em um movimento contínuo,

onde juntos envelheceremos noites dentro,

sem nos preocuparmos com a ferrugem do tempo.

Quartel Geral (MG), 28 de julho de 2021.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 28/07/2021
Código do texto: T7309494
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