O FÓSFORO DO AMOR

Hoje eu volto a ser menino,

dos tempos de escola,

tempo de igreja e sino,

fanfarra e jogar bola...

A vida corria solta,

enxurrada e correr de cachorro,

pipa no céu, de vento em popa,

fazer traquinagem, levar esporro...

Engraxei sapatos, ajudei na oficina,

descobri o juntar palavras, compor,

comecei a reparar nas meninas,

acendi, curioso, o fósforo do amor...

Na carteira, nos tempos de colégio,

olhava a menina de cabelos encaracolados,

amor não era doença, mas era remédio

para o que eu sentia, apaixonado...

Menino cresce e o sentimento também,

o primeiro bigode, os pelos na face,

o amor não era mais meu, era de alguém,

tudo se expande, explode, nasce...

Tempo fecundo, mil descobertas,

nada se apaga, nem um só dia,

a vida era bela, mais que uma festa,

o nascimento do sonho e da poesia...