O tempo
Meu orgulho está ferido
Minha memória, aos poucos, se esvai
Minhas lágrimas secaram, não molham mais
Meu olhar está cansado, mais lento; vê vultos, sombras
Nos meus ombros, carrego dor e lembranças, nada mais
Nem o tempo se encarregou de apagá-las. Não tenho paz
Minha alma oscila entre viver e morrer, não percebe a diferença
Minha vida, qual vida?! Viver ou morrer, tanto faz!
Meu coração é valente, nunca desiste, insiste
Briga com a dor e a saudade em todo instante
Não existe trégua, talvez remorso, arrependimento
Talvez a vontade de mudar, mas é o que não se pode mais:
O tempo.
Enquanto houver uma lágrima para chorar
Uma dor de saudade sentida a me martirizar
Enquanto houver o mar, um horizonte a desvendar
Haverá, sempre, a esperança e um sonho a realizar
Enquanto meu corpo reage, minha alma se liberta
É a liberdade que me inflama em soltas labaredas
É um grito sem sonoridade, mas todos podem ouvir.
É um desejo que me devora, me fragiliza, me desumaniza e sinaliza:
Hora de partir!