“DESENHO NA AREIA”.
Numa praia deserta,
De muitas ondas espessas,
Lembrei-me ali de alguém!
Com a maré em Vazante,
Fitei meus olhos por instantes,
Num horizonte muito além!
Pisando areia molhada,
Principiei uma caminhada,
Com o desígnio de encontrar!
Onde todos pudessem ver,
O que eu almejava escrever,
E a maré não viesse apagar!
Andando ali encontrei,
Se era uma duna eu não sei,
Mas foi um lugar ideal!
E pude então escrever,
O quanto ambicionava te ver,
Que era meu bem e meu mal!
Na branca areia desenhei,
Mui apreensivo rabisquei,
Juntinho dois coração!
E dentro dele pontuei,
O quanto por ti procurei,
Sem rumo e sem direção!
Algumas palavras escrevi,
E enquanto estava pra sair,
Vi que a maré estava enchendo!
Pude então visualizar,
Grande barco em alto mar,
Sobre as ondas se movendo!
O coração nessa hora,
Quase saltou peito a fora,
Ao ver que se aproximava!
As ondas me encadeando,
Pouco a poucos se tornando,
E mais nítido eu enxergava!
Em súbita alegria,
Vi que um vulto se mexia,
Pra proa dessa embarcação!
Que se chegava lentamente,
E o vulto que estava à frente,
Despedaçou-me o coração!
E para minha tortura,
Pude observar que tal figura,
Não era quem eu esperava!
Nesse momento a maré,
Enchendo e recobrindo o sopé,
Os meus desenhos afogava!
Há! Quanto perdido,
Como pode alguém ser iludido,
Buscar o que nunca foi seu!
O que é inda mais triste,
É que essa tal pessoa existe,
Sem nunca saber quem sou eu!
Desse dia em diante,
Com um coração arrogante,
Acostumei-me sem ninguém!
Tendo coração fechado,
Fui pelo amor enclausurado,
A olhar o horizonte além!
O que a vida me negou,
E o meu coração trancou,
São hoje, apenas nostalgias!
Uns nascem pra ser amados,
E outros pra ser desprezados,
Buscando o que mais queria!
Cosme B Araujo.
23/07/2021.