LUMINOSA POESIA
Lá na barranca do rio,
olhando a água a me olhar,
lancei fora esse frio
que vive a me devorar...
O homem pesca para comer,
em busca vive, de um amor;
só não prevê esse sofrer
que lhe causa imensa dor...
O peixe que passa espia,
a enguia chega a se contorcer,
o musgo escreve a poesia
lendo no homem o que vê...
O lambari perde a fome
e nem a minhoca lambe,
a nuvem vagarosa some,
a tristeza o sino tange...
Desolado fico não,
não me entrego ao abandono,
canta meu coração
até quando tô no sono...
Cá, sonhando na beira do rio,
rodeado de aves da alegria,
rabisco, com minha vara no cio,
a mais luminosa poesia...