Primeiras vezes

Primeiras Vezes

Para R. M.

Quando vi teu rosto a primeira vez, logo entendi:

O equilíbrio das colunas gregas

O mistério ante ao Taj Mahal

A vertigem no cimo da Eiffel

Quando vi teu rosto a primeira vez, logo entendi:

A proporção da forma sonata

A incompreensível canção do vento

O desespero na Ode a Hiroshima

Quando vi teu rosto a primeira vez, logo entendi:

A ilusão das telas de Riley

A Moça Com Brinco de Pérola

O balanço de Kandinsky

Quando vi teu rosto a primeira vez, logo entendi:

A teimosia do ensaio de Hopkins

O semblante obscuro de Fiennes

O que acontece nas distopias

Quando vi teu rosto a segunda vez, logo senti:

A métrica nas maças de teu rosto

O que não atino do brilho em teus olhos

A perda de chão em teus lábios

Quando, porém, vi teu rosto a terceira vez, só então percebi:

Que não és obra de mãos humanas

Mas templo divino

O templo onde quero habitar...