Epígrafe
Rumores cravados
no peito.
Murmúrios inscritos,
afeitos -
Coisa difícil é falar o idioma do coração.
Tenho polido portas
consertado flores
e plantado ouro.
Eu tenho morrido e renascido muitas e muitas vezes.
Ah, vagarosa ausência de que me lembram as flores do meu jardim!
Amo o desconhecido.
Faço poemas
Pra ninguém.
Mas se um dia quiseres, venha.
As roupas estão novas,
As janelas abertas
E as paredes pintadas.
Se um dia vieres, fique.
Para que eu possa contemplar teu olhar ao amanhecer
E tua nudez na calada da noite.
E se um dia ficares,
Anunciarei finalmente as palavras que guardei
tão fielmente em meu íntimo.
Transformar-te-ei em mil poemas
e gestarei tua descendência.
E quando chegar o fim,
Se Deus quiser assim...
Que nossos olhos vividos
tenham constantemente lido
em cada choro,
em cada riso
no compêndio
e no inconciso
o Prólogo
do Paraíso.