Epígrafe

Rumores cravados

no peito.

Murmúrios inscritos,

afeitos -

Coisa difícil é falar o idioma do coração.

Tenho polido portas

consertado flores

e plantado ouro.

Eu tenho morrido e renascido muitas e muitas vezes.

Ah, vagarosa ausência de que me lembram as flores do meu jardim!

Amo o desconhecido.

Faço poemas

Pra ninguém.

Mas se um dia quiseres, venha.

As roupas estão novas,

As janelas abertas

E as paredes pintadas.

Se um dia vieres, fique.

Para que eu possa contemplar teu olhar ao amanhecer

E tua nudez na calada da noite.

E se um dia ficares,

Anunciarei finalmente as palavras que guardei

tão fielmente em meu íntimo.

Transformar-te-ei em mil poemas

e gestarei tua descendência.

E quando chegar o fim,

Se Deus quiser assim...

Que nossos olhos vividos

tenham constantemente lido

em cada choro,

em cada riso

no compêndio

e no inconciso

o Prólogo

do Paraíso.

Jacqueline Rezende
Enviado por Jacqueline Rezende em 16/07/2021
Código do texto: T7300483
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