LEMBRA DAQUELE DIA...

Lembra daquele dia em que você me disse adeus,

Sem explicar o porquê seu olhar não encontrou o meu,

Se lembra que no quarto me faltava o ar,

E nada que eu fazia podia aliviar...

É claro que não se lembra, não vou mais questionar,

Se até quando eu me iludia achando que tudo não ia na contramão,

Você se distraia em outras vias e afastava de mim qualquer intenção,

E agora com minhas mãos desimpedidas, amparo o próprio coração.

Parece que nunca toquei sua vida,

E seu sorriso não passava de outra mentira,

Mas os espelhos não irão refletir a ti minha compreensão,

Me conformei que o meu canto triste é incoerentemente uma ode a solidão.

Não há nada que dizer, tampouco o que fazer,

Se caminhos opostos estamos a percorrer,

E já não cabe a mim e nem a você reconhecer,

Se tudo foi mentira, então não te perdi, não há mais ilusão para crer.

Eu refleti no quarto sobre esse amor abstrato,

Que dissolveu no ar, sem deixar um recado,

E me lembrei do riso com o qual eu fui tocado,

Depois me vi sozinho e despedaçado...

Então não há nada que dizer, tampouco o que fazer,

Se a lógica ou a razão não podem resolver,

No auge do escuro eu tenho me encontrado,

E aos poucos de uma ilusão me tenho libertado.

Lembra daquele dia em que você me disse adeus,

Eu vi você sair e entendi que realmente nunca esteve aqui,

E não havia mais nada para arguir e nem motivos para resistir,

E vestindo de minhas cicatrizes eu pude prosseguir.