Quando quiseres dizer que não vens,
Diz suavemente, em tons de flauta de pã
Como alguém que caminha pela casa
Em plena madrugada
À busca de alguém, esperança vã...
Quando sentires que nada tens a me dizer
Calá-te de modo que eu não sinta
E, enganado, julgue teu silêncio por crer
Ser ainda a voz que ecoa teu almejado querer.
Quando não mais sonhares comigo
Não me diga a quem pertebnce teus delírios...
Deixe-me pensar ser ainda teu objeto querido
Adormecer em acalanto de mãe que embala o filho.
Quando nada mais nos unir no aparente
Permita que sob as cinzas queime a impressão
Que ainda somos possíveis, como o são os amantes
quando a voz diz sim e a alma não pressente o não.
* Poema escrito em 1987
Crédito da imagem : https://olhares.com/homem-parado-foto1022574.html