Há o Amor

Há o amor que agarra pelo pulso,

calando lábios com beijos

e definindo a cadência do impulso

pela satisfação dos desejos

vivos, enquanto assertivos,

receosos do contraditório.

Há o amor que é pele macia,

deslizar de dedos e fumaça

confundindo a visão que seguia

meandros disformes, trapaça

de natureza sombria e intocável:

encoberta pela face do mistério.

Mas existem os amores distantes,

transitando entre a realidade

e os sentidos ocultos, delirantes

como um axioma sem verdade,

uma encenação da realidade

frágil, refletida no espelho.

O amor distante é que castiga,

carrasco de dedicação exclusiva

que visará todo o espólio.

O plano é sempre evitar a fadiga,

o corpo de tudo se esquiva

mas aterrissa, sempre, nos mesmos olhos.

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 09/07/2021
Código do texto: T7295806
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