Há o Amor
Há o amor que agarra pelo pulso,
calando lábios com beijos
e definindo a cadência do impulso
pela satisfação dos desejos
vivos, enquanto assertivos,
receosos do contraditório.
Há o amor que é pele macia,
deslizar de dedos e fumaça
confundindo a visão que seguia
meandros disformes, trapaça
de natureza sombria e intocável:
encoberta pela face do mistério.
Mas existem os amores distantes,
transitando entre a realidade
e os sentidos ocultos, delirantes
como um axioma sem verdade,
uma encenação da realidade
frágil, refletida no espelho.
O amor distante é que castiga,
carrasco de dedicação exclusiva
que visará todo o espólio.
O plano é sempre evitar a fadiga,
o corpo de tudo se esquiva
mas aterrissa, sempre, nos mesmos olhos.