Amor e farsa
Não sinto falta dos gracejos
Nem mesmo das palavras meladas
Só esse mês foram mais de duas
Que coloquei o título honroso de namorada
Como pensar naquilo que tens no meio das pernas
Se tão pouco tempo passo empenhado na área?
Não sou cão que se prenda pelo sexo
Dos abraços que me deu já me esqueci há séculos.
Às ciladas que vão e vem
Deixo apenas pouco espaço na memória
Toco algum samba bebo algum álcool,
Que evapora em poucas lágrimas
Logo vou a próxima.
Algum dia encontrei o amor
Deixei escapar feito cervo de caça
Eu sempre soube que ele estava ali
Não pelos beijos
Muito pouco pelas cartas
Ele estava ali
Bem ali
Onde os olhos alcançam
Uma fagulha em suas vidraças
Uma luz nas córneas obtusas.
Talvez eu não tenha lenha o bastante
Para sustentar o amor
E esse forme apenas
Cinzas da farsa.