Amor e farsa

Não sinto falta dos gracejos

Nem mesmo das palavras meladas

Só esse mês foram mais de duas

Que coloquei o título honroso de namorada

Como pensar naquilo que tens no meio das pernas

Se tão pouco tempo passo empenhado na área?

Não sou cão que se prenda pelo sexo

Dos abraços que me deu já me esqueci há séculos.

Às ciladas que vão e vem

Deixo apenas pouco espaço na memória

Toco algum samba bebo algum álcool,

Que evapora em poucas lágrimas

Logo vou a próxima.

Algum dia encontrei o amor

Deixei escapar feito cervo de caça

Eu sempre soube que ele estava ali

Não pelos beijos

Muito pouco pelas cartas

Ele estava ali

Bem ali

Onde os olhos alcançam

Uma fagulha em suas vidraças

Uma luz nas córneas obtusas.

Talvez eu não tenha lenha o bastante

Para sustentar o amor

E esse forme apenas

Cinzas da farsa.

André M Carneiro
Enviado por André M Carneiro em 05/07/2021
Reeditado em 05/07/2021
Código do texto: T7293300
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