Inverno.

Vi um vídeo pela manhã que falava a seguinte frase:

"Uma parte importante da cura da nossa cabecinha doida está em fazer algo novo."

No vídeo em questão era sugerido tomar banho com as luzes apagadas.

Algo estranho o suficiente para te fazer pensar: porque não?

Mas eu havia acabado de tomar banho com as luzes apagadas, e o clarão lá de fora não me deixava sentir nada.

Enquanto eu assistia os 37 segundos de vídeo me peguei com desejo de sair correndo na rua.

Sem rumo.

De sentir o vento cortando a pele.

De sentir as pernas cansadas de tanto correr, mas não poder parar.

Teve um tempo em que eu corria, e eu ia sempre em frente.

Corria quatro, cinco, seis km.

E quando eu já estava esgotada eu tinha que voltar.

Os mesmos quatro, cinco, seis quilômetros que corri pra frente eu tinha que voltar.

Hoje o clima anunciava 7 graus, sai de casa em plenos sete graus.

Coloquei uma camiseta de manga comprida, uma calça, meias, tênis e máscara.

Depois de tanto tempo fora eu queria sentir o frio.

Depois de tanto tempo fora de mim, eu queria sentir qualquer coisa.

O céu azul foi um disfarce perfeito.

O vento gelado, o ar gelado invadiu o meu corpo.

Eu conseguia sentir tudo e nada ao mesmo tempo.

Meu corpo estático.

Travado.

Com sensação de estar congelado.

Mas eu podia sentir cada partezinha dele.

E isso me fez lembrar que eu estou viva.

Eu ainda estou viva.

Tudo que eu precisava era sentir alguém no universo devolvendo a sensação de estar vivo para mim.

E hoje, foi o frio.

Greicy Kenjy
Enviado por Greicy Kenjy em 30/06/2021
Reeditado em 30/06/2021
Código do texto: T7289723
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