A MAIOR PERDA
Um dia, numa rua qualquer,
um poema caiu do meu bolso;
o vento, como se com uma colher,
comeu-o como um pudim tosco...
Perdi, nesse dia, uma aliança...
A água levou-a num aluvião;
uns fios de sua macia trança
também se foram pelo chão...
Quantas coisas perdemos
quando achamos que as possuímos;
mas nunca saberemos
seus verdadeiros destinos...
Perdi uma estrela fugidia
quando conversava com a lua;
pensei que a noite a seguia
andando pela rua...
A maior perda vou lhes contar...
O barulho da porta se fechando,
como se um barco fugisse do mar,
e eu, ali, sozinho, triste, chorando...