25+2 de Junho.
Quatro anos atrás eu terminava um relacionamento.
Terminei abrindo a porta de casa e dizendo "Saia" e só.
Não teve choro.
Não teve o que lamentar.
Era só uma pessoa que não cabia mais ali e eu estava abrindo a porta para deixá-la ir.
Em quatro anos eu conheci alguns outros poucos rostos.
Mas em nenhum deles eu quis repousar o meu olhar.
Eu só estava ali vivendo e existindo da forma que dizem que se deve existir.
Até que pousei meus olhos em você.
Toda minha calmaria foi embora.
Dizem que quando a gente olha pra quem gosta, a nossa pupila dilata.
Se a gente olhar pra quem ama quem dilata é o coração?
Eu não me reconhecia.
Dormi em uma cama que não era a minha.
Atravessei a cidade.
Te chamei de "minha".
Coração quando dilata não cabe no peito.
Quando não cabe no peito, machuca a pele.
Quando machuca a pele o corpo treme.
Quando o corpo treme a alma sente.
Quando a alma sente...
Ah quando a alma sente...
O corpo adoece.
Com o corpo doente, a mente também fica doente.
E eu?
Eu, já não era mais eu.
Eu podia ter certeza de que te conheci em outra vida.
Podia ter certeza de que era pra nos reencontrarmos.
Eu podia ter certeza de que era você.
Mas eu voltei em um corpo sem fé.
Um corpo calejado, que se assusta com todo sentimento que fuja a regra.
Aquela regra de estar sozinha há quatro anos.
Toda felicidade que me atinge,
Assim como toda tristeza que me atinge eu fujo.
Eu me torno forte, porém fugitiva.
Você podia ser o amor dessa e de outras vidas.
Meus olhos sem dono.
Meu olhar sem rumo.
Minha alma desacreditada.
Minha alma cansada.
Meu corpo machucado.
Meu corpo despedaçado.
Não aguentaram...
Eu não aguentei.
Em você eu vi felicidade e fiz questão de não ficar.
Porque eu já me acostumei com a sina de ser ferida.
Eu escolhi o caminho que eu já conheço.
Eu só conheço o caminho da dor.