Parede-meia
Oxalá morasse eu perto de você…
Ser seu vizinho de parede-meia,
pra escutar seus gemidos enquanto se acaricia,
pra sentir seu perfume,
saber a hora em que abre o chuveiro,
saber quando fecha esse chuveiro e sai enrolada na toalha.
Imaginando eu, quando se enxuga, qual parte primeira, qual derradeira.
Oxalá morasse eu perto de você, de parede-meia,
pra ver quando chega na janela,
saber quando solta os chinelos no chão para se deitar,
quando acorda de manhã, escutando o despertar de seu sono.
Oxalá morasse eu, de parede-meia,
pra escutar suas conversas ocultas, cochichadas, mas não tanto assim…
Oxalá morasse eu perto de você,
pra saber quando sai,
a que horas entra.
Oxalá…
Oxalá morasse eu, longe de você,
pra não ficar neurótico,
um ser caótico,
e ser independente,
de você.