Parede-meia

Oxalá morasse eu perto de você…

Ser seu vizinho de parede-meia,

pra escutar seus gemidos enquanto se acaricia,

pra sentir seu perfume,

saber a hora em que abre o chuveiro,

saber quando fecha esse chuveiro e sai enrolada na toalha.

Imaginando eu, quando se enxuga, qual parte primeira, qual derradeira.

Oxalá morasse eu perto de você, de parede-meia,

pra ver quando chega na janela,

saber quando solta os chinelos no chão para se deitar,

quando acorda de manhã, escutando o despertar de seu sono.

Oxalá morasse eu, de parede-meia,

pra escutar suas conversas ocultas, cochichadas, mas não tanto assim…

Oxalá morasse eu perto de você,

pra saber quando sai,

a que horas entra.

Oxalá…

Oxalá morasse eu, longe de você,

pra não ficar neurótico,

um ser caótico,

e ser independente,

de você.

Neilton Domingues
Enviado por Neilton Domingues em 25/06/2021
Reeditado em 05/04/2024
Código do texto: T7286373
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