Sinestesia
Tudo era embaçado.
Minha cabeça estava cheia de pensamentos entediados de seu nome.
Tudo era de um branco nuvem, e mal consigo me lembrar das cores do espaço que habitávamos. Vi, ao horizonte, você se aproximar...
Trazia passos desacelerados suportando um corpo quase inerte.
E cada vez mais perto, e perto, e tudo continuava fosco.
Num sussurro-mudo, sua voz alimentou meu suspense.
Mais uma palavra solta e eu esperava outras mais. Você dizia tantas coisas e eu não lembro de nada, estava surdo esperando aquelas palavras que não saíam...
Esperança, tensão.
Meu coração acelerou-se quando seu sussurrar aquietou-se.
Tudo era inquietação, saudade.
Quando você quebrou o silêncio com seu movimento e veio encostar teu rosto junto ao meu, meus braços circunferenciaram seu corpo e nos abraçamos, ah amor. Pude ouvir as músicas que embalavam nossos corações...
Pude sentir-te outra vez.
Levantei, acelerado, cego, enganado, tateando tentando alcançar-te e tu já se fora... Meus movimentos alardearam minhas sensações, meu corpo fedia espanto. Você não estava lá comigo... E, assim eu entendi que uma falta amarga nos presenteia depois de um sonho bom.
E meu coração chamava por você, amor...
Paschoal, George