Depressão e ansiedade
Sonhos são coloridos
E lembranças monocromáticas
Há dias que a luz reflete
Todo o espectro de cores
Há noites com arco-íris
Salpicadas de terno amor
E as cores dançam no céu
Fazendo os olhos chorar
Há dias que o sol não nasce
Como se o dia invejasse a noite
E a penumbra fosse esse invejar
As formas tomam vultos sinistros
O pavor invade a alma
Sorrateiro e lento parasita
Fazendo os olhos chorar
As vezes sou feito de dor
Ando nú pelas ruas desertas
Buscando respostas a perguntas
Que sequer cheguei a formular
As vezes sou rosa cor-de-rosa
As vezes sou falo e espinho
Há dias em que me visto florido
E me vejo coberto de amor
Em outros sou só espinho
Meu reflexo é rude e mesquinho
Pois as vezes sou feito de dor
E ninguém me ensinou a sofrer
Nem tampouco a amar
Há tanto por viver
E tanto que se viveu
Que o presente se despedaça
Elo frágil entre forças
Contra as quais não cabe lutar
Nem mulher nem homem o sabem
Ninguém sabe sofrer
Ninguém sabe amar
Há tanto por sorrir
Há tanto por chorar
Marcamos o caminho em solidão
Os rastros marcados na areia
São apagados na maré alta
Sobram sonhos e lembranças
Restos de futuro e passado
Animais escravos do consumo
Perdidos entre depressão e ansiedade