Parapeito

Decolei do parapeito de seu desejo,

despenquei ao térreo da realidade.

Despedaçado e faminto.

Estou, e por você, diria, pobre correspondido,

doente da alma, que a metade pouco restara,

da falência fulminante do consumo raso que sou.

Devorado num curto momento de queda,

que diria antes “voo”, mas agora, “queda”!

Estás satisfeita, não sirvo mais...(?)

“Que jogue o resto aos leões famintos” diria você, creio eu.

Não. Não quero mais, apesar de delicioso.

Apesar de único; uso descartável de gente,

que gente serei senão gente indesejável, resto de memória.

“Quem és tu, sombra falida de gente?”

Sem você não há diferença a não ser a sua insignificância,

sua dor desprovida do cansaço; provida do cansaço se recompõe.

Dê meio passo ao infinito que te degola,

em meio a semente que cultiva o repelente da morte.

Mas, fará tudo de novo se for cabível a vossa existência,

ao desejo imutável “mudança”, a perpetua mudança que fostes condenado.

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 22/06/2021
Reeditado em 22/06/2021
Código do texto: T7284354
Classificação de conteúdo: seguro