AMOR

Flor que se despe

E transmuta

Transfigurando-se

Na triste e leda madrugada

Lágrima

Que cai

Não só

Mas acompanhada

Amor

Beijo

Feérico

E imortal

Beijo

Desejado

Que se dá

Ás claras

Ou escondido

Beijo

Que ninguém

Leva a mal

Amor

Carícias

Corporais

Na osmose de corpos

Que nunca estão sozinhos

Mas sempre acompanhados

Pela alma que os abençoa

Pois eles são por natureza

Abençoadas

Amor

Religião

Comum

Entre credos diferentes

O Deus pode ser antagónico

Mas isso é uma ilusão

Isso é algo de aparente

Amor

Fogo

Que alastra

Na planície

Dos sentidos

Fogo que arde

Consumindo

Não consumindo

A vontade

De nunca

Estar sozinho

Amor

Livro perpétuo

Que se está sempre a ler

Que nunca irá acabar

Pois as palavras

São sempre novas

Nunca se hão-de esgotar

Num misto de calor

E de alguma dor

As linhas

São pouco lineares

E demasiado claras

Sendo isto um jogo

Sendo isto

Amor