O que há depois do fim?
Uma vez li um livro chamado "Depois do azul", o comprei porque a sinopse parecia a minha vida.
Uma vez ganhei "Os Sofrimentos do Jovem Werther " com um post-it que dizia: "Por favor, não."
Uma vez li "Carta de amor aos mortos." e ele se tornou um dos meus livros favoritos.
Eu já olhei para o horizonte e me perguntei "O que tem depois?"
Eu já fiz uma prece.
Já fiz uma oração.
Eu já quis saber o que vem depois do sopro.
Porque dizem que a vida é um sopro e eu passei o dia todo assoprando o nada.
Eu já quis saber a forma que a alma assume quando ela se desprender do corpo.
Quis saber se perto do fim, a gente vê aquele filme da vida que a televisão diz.
Será que o meu é feliz?
Eu fiz de algumas músicas minhas trilhas sonoras:
"Eu não tenho mais medo eu me fiz canção. O meu corpo é poeira minha voz é trovão."
E então eu virava poeira.
"Não leve a mal, se o que eu quero é voltar. Mundo real ainda é meu lugar."
Depois de tirar meus pés do chão.
"E os teus olhos que não podem nem mais se fechar, se toda vez que fecham te fazem lembrar memórias que a mente insiste em guardar pra te fazer chorar."
E eu passei noites em claro.
Uma vez,
Vinte anos atrás,
Quinze anos atrás,
Doze anos atrás,
Um dia atrás.
Dessa última vez eu tô me escondendo da vida.
Pra ela não lembrar que eu existo.
Pra ela não lembrar do que eu sempre quis saber.
Tô tentando não ler novos livros.
Não olhar o horizonte.
Não assoprar mais.
Não tenho assistido filmes e também não quero ouvir novas músicas.
Tô dormindo antes das 23h.
E hoje ao acordar eu ouvi alguém dizer:
"Você é importante pra mim."
Ao invés de agradecer eu pedi aos céus para não a ouvir, na esperança de que o universo esqueça um pouco de mim e me deixe ficar.