QUERIA SER

Queria ser casto

como um prato

nunca usado num jantar

e, assim,

viveria sem saber a diferença

entre garoupa e lagostim...

Queria ser puro

como um muro

que ninguém nunca saltou

e, então,

viveria sem conhecer

o salto da ilusão...

Queria ser aprendiz

como um bebê-perdiz

que mira o horizonte

e, de repente,

buscaria tocar as fímbrias

do sol dourado, poente...

Queria ser tradutor

das palavras de amor

que ninguém ousou dizer

e, claro como o dia,

revelaria ao mundo

o que é a poesia...