QUERIA TANTO...

Queria tanto

ser escolhido pelo amor,

nem que houvesse pranto,

ele me dissesse, senhor,

você foi aceito,

vai morar em seu peito

um grão desse sentimento,

vai viver aí dentro

por tempo indeterminado,

revolver suas entranhas,

amar não é pecado,

nem arranha,

meu amado...

Acordaria cedo, feliz,

com a brisa em meu nariz,

com um sorriso no rosto,

uma espécie de ansiedade,

querendo o Natal ainda em agosto,

voltando a ser um velho rapaz,

relendo Florbela e Neruda,

de novo sendo capaz

de me debruçar sobre o oceano

branco do ingrávido papel,

alma nas alturas,

pertinho do céu...

Ah, ia me esquecendo,

teria alguém tão linda

como um favor de mel,

seria tão bem vinda,

com um nome bem bonito,

de preferência, Isabel...