Brisa
Será que alguma conheceu e compreendeu
a amabilidade das tuas mãos tão cheias de profundidade?
Será que alguma contemplou e apreciou,
o arrebol dos teus olhos no fim de uma tarde?
Dos tempos idos e lindos e breves, tempos leves,
levaram até nós outro tempo,
o tempo do temor, da culpa e da cura.
Semeamos nossos grãos, plantamos sensibilidade mútua,
Estendemo-nos as mãos, colhemos ternura qual fruta
de gosto inesquecível, imperecível...
Pena que nem sempre nossas mãos estão abertas para receber
a imensidão de cada amor que um dia a vida nos manifestou.
De ti guardo uma lembrança, era o final dos nossos tempos de criança,
Em uma manhã ditosa, coração cheio de medos,
Das tuas mãos tão carinhosas, dedos de brisa abrandando meus receios.
Sim, recordo-me, e creio ter sido ali que me dei conta do nosso enleio
2018