Agora eu posso voar

Existem dois tipos de pessoas, as que cortam as asas, e as que voam com você.

Ele era o segundo tipo.

Quem diria que depois de tantos anos ela novamente voaria?

Foram tantas tesouradas, pedradas. Aqueles "amores" a queriam perto, mas não do jeito certo, por isso machucavam suas asas para que ela não fosse longe demais.

Num golpe de sorte, ela conseguiu fugir, rastejando decidiu nunca mais "amar".

Por isso, ao menor sinal de proximidade se fechava, pois não queria arriscar novamente se machucar.

Tempo, tempo,tempo... Nada como ele para curar certas feridas. E assim, renascida, voando alto, encontrou nele um abraço seguro para pousar.

Ele conheceu de perto os medos, e os afugentou um por um, descobriu as inseguranças e as cobriu com a segurança que só um amor tranquilo pode dar.

Ele sabia que ela sonhava, ele também sonhava, os dois tomaram para si o sonho do outro, e eles sonharam e realizaram tudo juntos.

Sob o mesmo estrelado céu, faziam planos de filhos, livros, e vôos mais altos.

E assim foi. Eles voaram juntos, e o ninho foi recheado com os livros,  filhos, momentos inesquecíveis, e agruras superadas.

Felicidade, enfim!

Ele sabia que ela tinha potencial para voar bem alto, mas ao decidir deixá-la livre abriu o caminho para que ela voasse junto a ele.

Ela pousou naquele abraço, e dali nunca mais saiu, não por pressão, mas por amor.

"We sleep underneath the same big sky at night.

I dream the same dream we can fly" (Chantal Kreviazuk)