TEMPO
Jamais vou me importar com o quanto de tempo me doei
Te ensinando a ter segurança beleza firmeza e até classe
Tudo fui te ensinando e aos poucos te vendo transformar
Foi como uma troca de salvação mútua de vida nossa
Gratuita o que de certa forma tornou-se prá mim sagrada
Total entrega de mutação entre nossos mundos girando
Minha segurança nata suporte à sua fragilidade disfarçada
O amor é algo assim que nasce dentro da gente e se dá
E só o multiplica quem sabe dividir não importa onde
E não há estrada longa quando seguramos mãos fortes
Mãos de alguém que amamos inteiro e profundamente
Tudo torna-se fácil florido perfumado leve fluindo belo
Porque amor é vida em movimento e não estagnada
É essência viva e não água parada como num pântano
Que aos poucos nos suga lentamente sufoca e mata
Porque não liberta apenas exige matando aos poucos
E a flor rústica do campo tornou-se elegante Boutonnière
Elegantemente escolhe boa carta de vinho excelente couvert
Mas esqueceu no tempo os primeiros aprendizados exuberantes
Da alegria de não mais ser reconhecido pelos próprios familiares
Hoje no tempo o finesse incorporou em qualquer parte do mundo
E o menino simples e inseguro da sua primeira professora esqueceu
E junto tantas outras passagens imemoráveis perderam-se no tempo
Que pena são exatamente elas que dão sentido à vida no seu final
Celi Romão
CR - RJ