AMOR SEXUAL
Desnudo teu colo
morena vertigem
Teu corpo meu solo
Pegadas que apago com cal virgem
O músculo teso obsceno em vértice
As mãos percorrem teu corpo, opúsculo
O casulo centro do mundo o estalar do ósculo
As línguas súplices e cúmplices
Poros dilatados, sulcados, sem nada de óbice...
Amo tuas nádegas esmiuçadas
Teus seios embriagados, lábio famintos, fera domada
Tua pele sibilante de eriçadas fadas
Tua glote em minha mão sob a morte no gozo arraigada
Não sejamos afoitos
No encontro maior neste introito
Formemos um laço só no iminente coito
Que vai e vem, sem começo nem fim ...um oito
Tua sinuosidade meu açoite sagrado
Tua boca ébria, meu céu de alarido encarnado
Hei de carpir tua boca febril e pegajosa
Tal qual o desejo de afundar, está para a lama gulosa...
Venha e me ame e me configure
Sou teu escravo embalsamado
Cicatrizes de outros polegares que me cure
Ó minha amada sem ti tenho apenas estado
Estamos nos poros do adeus dos lodaçais
Calotas polares de atração nos derretendo
Não somos imorredouros, mais ateus carnais!
Vem antes que seja tarde a madrugada
Nossas bocas mudas se falarem embriagadas
Em línguas de todos os patamares
Dizer apenas que nos amamos numa só talagada
Pois tal como o ar estamos em todos os lugares...
Eu compareço e presença não tem preço
E você me trai pelo avesso
Que destino é esse escrito numa pedra
Que o tempo esfarela qual santinho na cátedra...
Quantas bocas ainda haverei de beijar
Para provar que desta fonte só mata minha sede a da tua
Assim como no meu céu... Só há uma lua?
Na serpentina esguia de teu corpo
Só te peço encarecidamente isso
Um viço no vinco da cama sem compromisso...
Tal quanto o derramado sal
Infiltrados e oblíquos um no outro
Estamos diluídos em todos os mares
Numa única gota segregada de suor...